Tempo livre - será esse o tal ócio criativo?

Aquele que é mestre na arte de viver faz pouca distinção entre o seu trabalho e o seu tempo livre, entre a sua mente e o seu corpo, entre a sua educação e a sua recreação, entre o seu amor e a sua religião. Distingue uma coisa da outra com dificuldade. Almeja, simplesmente, a excelência em qualquer coisa que faça, deixando aos demais a tarefa de decidir se está trabalhando ou se divertindo. “Ele acredita que está sempre fazendo as duas coisas ao mesmo tempo” (Domenico de Masi, O Ócio Criativo).

O relógio interno que controla o tempo cobra: o que fiz hoje? É preciso uma grande lista para não ser classificado como inútil, preguiçosa, indolente.
O que você vai fazer no final de semana? Dormir. É época de feriado. Você vai fazer o que? Não sei, vou ver… Passou o feriado - Fez o que? “Eu? Ahn… Ou então meu final de semana será repleto de tantas e tantas atividades de lazer que iniciarei a semana com alto grau de estresse, cruzes que mundo é esse??!!
Às vezes fico um pouco envergonhada de dizer que finalmente conquistei tempo livre. Acho que isso é minha maior contradição neste tal mundo globalizado. Como alguém num mundo com tanto acesso à informação, com novas formas de comunicação e vivendo numa cidade global pode se queixar de tempo livre?
Lembrei da música dos Fazer “Titãs:
“Devia ter complicado menos,
trabalhado menos, ter visto o sol se pôr”…”.
Parafraseando Drummond: “Êta vida besta, meu Deus!”
Eu me queixo, mas em silêncio. Ninguém tem tempo livre, todos correm contra o tempo enquanto eu passeio pelo tempo, matando tempo.
Tempo livre é um tabu com o qual tenho lutado. 

Primeiro para reconhecer que isso não seja um problema, depois para que as pessoas não me vejam como uma esnobe e principalmente para aprender a desfrutá-lo.
Tomo café da manha demorado, leio jornais e blogs, leio livros que outros indicam, escrevo cartas, emails e poemas, telefono e penso na vida. Muitas vezes tudo isso gera uma vontade de mundo e aí nem sempre os outros estão com tempo para gastarmos um tempo junto. Então escrevo posts, outras cartas e tomo mais um café.
A falta de tempo é um problema artificial mesmo. Vivemos quase o dobro de nossos bisavôs. Além disso, inventamos um monte de máquinas e engenhocas para economizar tempo não?!
É preciso paciência e serenidade para lidar com o tempo, mas acho que este tabu está sendo quebrado.

yvone

7 comentários:

  1. Yvone, vivo este mesmo "drama"... Nunca consigo tempo suficiente... preciso descansar, preciso de lazer, preciso trabalhar, preciso cuidar da casa, do filho...mas sabe? Eu sou feliz!rsrsrs
    Bjs e ótima semana!

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  2. Essa falta de tempo, dizem, que tornou-se o mal do século. Reclamamos da falta do tempo e reclamamos quando temos tempo de sobra.

    Quando bem vê, é a gente mesmo que não sabe cuidar direito do coitado.

    Ele sim, é um dos deuses mais lindos. O tempo! Nos transforma do carbono para o diamante.

    Beijo grande.

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  3. Oi, Yvone!
    Eu tive que aprender a delegar tarefas, justamente por gostar muito do que faço. Estava sem tempo para dormir e o dia acabava não sendo produtivo. Melhor gastar tempo dormindo que ganhamos em produtividade.
    Tempo livre é realmente um luxo que devemos conquistar. Adoro os finais de semana, justamente para ter o meu café da manhã demorado e poder ler todo o jornal sem interrupções. Ligo o telefone somente depois do meio-dia e muitas vezes torci para o dia amanhecer nublado para não ter que sair de casa.
    Um pouco de rebeldia não faz mal à ninguém!
    :)
    Boa semana!!
    Beijus,

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  4. Yvone,
    não se culpe. Chegar a ter tempo livre é um luxo reservado aos que já trabalharam muito. Eu gostaria de ter mais tempo para uma série de coisas, mas uma série de outras me impede. Para não sofrer à toa, procuro fazer como sugere o Domenico de Mais: misturo/confundo trabalho e diversão... e assim vou ;)
    Abraço

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  5. Estimada, Ivone

    Todos, com tempo, a recitar, " não tenho tempo "
    Bom fim de semana

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  6. Minha relação com o tempo mudou muito nos últimos anos, especialmente nos últimos 3 anos. Sempre fui afobada, do tipo que quer apagar a luz antes mesmo de sair de um cômoda pra "ganhar tempo". Hoje, me concedo um tempo sem nada, pensando na vida, fitando à toa minhas plantas, brincando ou conversando com os filhos sem pressa. Ainda não é o tempo perfeito, confesso que requer uma certa persistência e programação para que consiga ter o tempo livre. Mas tenho aprendido muito com isso e também percebido que meu tempo de papo pro ar tem me ajudado demais a ganhar tempo com outras coisas, principalmente a sanar aqueles problemas que parecem não ter solução. A cabeça se abre e aos poucos a gente vai pegando o jeito. Beijo e boa semana pra vc, Yvone!

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